Fibromialgia

Atualmente, o número de pessoas sentindo dores generalizadas é elevado. A grande maioria delas recebe o diagnóstico, e muitas vezes o “rótulo”, de fibromialgia. Mas, será que tantas pessoas têm mesmo esta doença?

O que é Fibromialgia?

A Fibromialgia é uma doença reumática crônica (com duração maior que 3 meses) e não inflamatória que cursa com dor generalizada, fadiga e sono não repousante. Outras manifestações podem estar presentes como dor de cabeça, sensação de inchaço em mãos e antebraços, cólicas abdominais e sensação de formigamento em diferentes partes do corpo.  Problemas com memória e concentração também podem surgir. 

Pode afetar até 5% da população mundial, sendo mais frequente entre as mulheres com idade entre 25 e 65 anos.

Por que tenho Fibromialgia?

Até o momento não sabemos totalmente quais são as causas da fibromialgia. Mas, podemos entender a Fibromialgia como uma doença que cursa com a interpretação inadequada da dor pelo cérebro.

Em geral, mensagens do nosso corpo são enviadas ao cérebro, que as interpreta e dá como resposta, dores proporcionais às mensagens recebidas. Nas pessoas com fibromialgia, estas mensagens enviadas ao cérebro são interpretadas de forma desproporcional, e como resposta, o corpo apresenta dores em intensidade bem maior. A dor sofre então uma amplificação.  Esta sensibilização do cérebro pode se iniciar na infância e adolescência e apresenta forte componente genético. Sabemos hoje, que os pacientes apresentam alterações de neurotransmissores, que são substâncias presentes no cérebro capazes de aumentarem as queixas de dores. 

Não é raro encontrarmos pacientes que associam o início das dores com algum acontecimento traumático, seja ele físico ou psicológico, como a perda de um ente querido, a perda do emprego ou um acidente automobilístico por exemplo.

Aspectos psicológicos como a depressão e a ansiedade podem influenciar nos sintomas da fibromialgia, aumentando ainda mais as queixas dolorosas.

Existe um exame que pode comprovar se tenho Fibromialgia?

Não. Até o momento não existe nenhum exame específico que irá definir se uma pessoa tem ou não fibromialgia. O diagnóstico é clínico e a presença da dor crônica generalizada é fundamental. A fadiga e o sono entrecortado, que não descansa, devem ser considerados. A sensação de inchaço nas mãos e braços, dor de cabeça, alterações intestinais, tonturas e formigamentos que não são contínuos também podem surgir.

O reumatologista deve sempre estar atento à possibilidade de outras doenças que também podem se apresentar com quadros semelhantes ao da fibromialgia, como as doenças da tireóide, doenças tumorais, doenças psiquiátricas, neurológicas ou o início de doenças reumáticas inflamatórias, como a artrite reumatóide.

Os exames de sangue solicitados em geral são normais.

A Fibromialgia tem cura?

Não usamos a palavra cura quando falamos de fibromialgia. Mas, o tratamento adequado pode controlar os sintomas, trazendo grande melhora na qualidade de vida. Mesmo com o tratamento adequado, períodos de piora da dor generalizada podem acontecer e geralmente estão ligados a períodos de estresse físico ou emocional.

Tratamento

Como é feito o tratamento da Fibromialgia?

O controle da fibromialgia é feito com a associação de tratamento medicamentoso e não medicamentoso e, em ambos, a participação do paciente é fundamental. É importante que o paciente tenha conhecimento de como funciona a sua doença e dos fatores que causam piora.

Entre os tratamentos não medicamentosos, a realização de exercícios físicos é a mais importante. Através deles, temos a produção de endorfinas que causam sensação de bem-estar. Ocorre também a liberação de serotonina, que traz melhora da dor, da depressão e das alterações do sono. Os exercícios aeróbicos são os mais indicados. A hidroginástica e a natação são excelentes opções. A associação com exercícios de alongamento também é bem-vinda. Devemos lembrar também que a escolha do exercício deve ser feita de acordo com cada paciente, respeitando limitações e também o gosto pessoal de cada um.

A terapia psicológica pode ser indicada em alguns casos.  

Tratamentos alternativos como acupuntura e massagem ainda trazem evidências de eficácia limitada.  Existe também muita especulação em relação a alimentação e o controle da dor. Até o momento, nenhuma dieta ou a restrição de algum alimento se mostrou eficaz.

O tratamento medicamentoso é baseado no uso de antidepressivos, que funcionarão como analgésicos. A amitriptilina e a duloxetina são consideradas boas opções no controle da dor, da fadiga e na melhora na qualidade do sono. Outras drogas como a fluoxetina e a venlafaxina também podem ser usadas, ajudando no controle de outros sintomas da doença. A pregabalina não é um antidepressivo, mas há evidências de melhora da dor, da fadiga e do sono. Relaxantes musculares também têm o seu papel, principalmente nos períodos de exacerbação da dor. Podem ser necessários indutores do sono como o zolpidem em alguns casos.

Mesmo nos pacientes que estão sendo tratados de forma adequada, períodos de piora podem ocorrer, e geralmente estão ligados a estresse físico ou emocional.

Os pacientes com fibromialgia devem ser avaliados regularmente pelo reumatologista. O uso adequado das medicações e a prática de exercícios físicos é fundamental. Em todos os momentos o médico reumatologista deve ser um aliado do paciente, para que frente a qualquer intercorrência, esteja pronto a orientá-lo e ajudá-lo.

MAIS INFORMAÇÕES:

Acesse a cartilha informativa para pacientes da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).